Por que as pessoas têm medo de se posicionar?

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É comum muitas pessoas relatarem que não se posicionam a respeito de temas polêmicos com medo de que essa atitude possa causar algum prejuízo, principalmente financeiro.

Afinal, qual a ligação de uma coisa com a outra? É simples: pessoas que são funcionárias celetistas de empresas são constantemente cobradas pelos seus superiores de que não se envolvam em polêmicas, principalmente políticas, para não poluir a imagem. 

A partir do momento em que um funcionário expõe a sua opinião, surge o medo de que seja encaminhada aos seus gestores e o cobrem o seu desligamento como medida de retratação com a sociedade.

Até mesmo o próprio empresário possui um enorme risco de ter seu faturamento comprometido. É o caso de algumas empresas como a Smarfit e Madero que logo, após as eleições de 2018, viram diversas manifestações de boicote nas redes sociais após os seus CEOs declararem apoio ao candidato, Jair Bolsonaro, na época.

Apesar de estar consolidada, as críticas nas redes sociais soam infelizmente de forma negativa para a manutenção dos negócios.

Agora, se para um gestor consolidado, a exposição da opinião já é algo complexo, imagina para um cidadão assalariado? Torna-se uma obrigação se manter calado e renunciar a sua liberdade. Milton Friedman afirmou que “a sociedade que coloca a igualdade à frente da liberdade, terminará sem igualdade e liberdade”.

Não obstante, à medida que as redes sociais se consolidam, o sentimento de ódio por parte de quem discorda da opinião emitida é tão latente o ponto de desejar que aquela pessoa seja submetida a uma espécie de tribunal em que deve ser condenado a um “cancelamento coletivo”. 

Em alguns casos, envolvem até os próprios familiares da pessoa, como se a responsabilidade das ações do indivíduo se estendesse aos seus descendentes.

O pior é que as empresas têm cedido a este tipo de discurso, na intenção de não prejudicar os seus lucros e ser reconhecida como uma empresa que repudia opiniões impopulares, o que, de fato, assusta devido às proporções que isso tomou. 

É necessário fazer uma reflexão quanto ao que os filósofos iluministas defendiam, como Voltaire, que disse: “Posso não concordar com uma palavra que dizes, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-la”. 

Aqui, o filosofo não distingue qual opinião, se é popular ou impopular, se irá agradar ou causar repulsa à sociedade e sim que o indivíduo deve ter o direito de expressar aquilo que pensa.

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Mateus Vitoria Oliveira

CEO Private Construtora, Private Log e Private Oil & Gas
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