Durante o ensino médio, muitos de nós aprendemos sobre personagens negros da história brasileira. O principal deles, quase sempre, é Zumbi dos Palmares, celebrado como símbolo da resistência negra.
No entanto, é importante olhar com mais profundidade para os fatos históricos: Zumbi, ao receber sua alforria, passou a possuir escravos — um contraste gritante com a imagem de defensor da liberdade que a narrativa tradicional insiste em perpetuar.
Enquanto figuras como Zumbi recebem holofotes, outros heróis genuínos da liberdade acabam sendo apagados dos livros de história.
Isso acontece, muitas vezes, porque suas conquistas estão ligadas a ideais liberais — e desafiam a versão oficial mais conveniente. Um desses heróis é Luís Gama, cuja trajetória merece ser contada, reconhecida e celebrada.
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Luís Gonzaga Pinto da Gama (1830–1882) foi um advogado, jornalista, poeta, abolicionista e intelectual autodidata. Nascido livre, mas vendido como escravo pelo próprio pai aos 10 anos, Luís Gama superou a escravidão e, por iniciativa própria, reconquistou sua liberdade.
Mesmo sem formação formal em Direito (ele era um “rábula”, termo usado para advogados sem diploma), defendeu mais de 500 negros escravizados, conquistando sua liberdade pelos tribunais, algo sem precedentes na história brasileira.
Diferentemente de Zumbi, Gama defendia a liberdade como um direito natural e inviolável. Para ele, a abolição não era apenas uma causa política: era uma exigência moral e humana.
Sua atuação não ficou restrita ao campo jurídico. Luís Gama também usou a imprensa e a literatura como armas poderosas para denunciar a injustiça da escravidão e defender ideias de liberdade, republicanismo e igualdade perante a lei.
Mesmo em uma época profundamente marcada pelo racismo institucionalizado, Luís Gama nunca cedeu aos interesses políticos, nem buscou ganhos pessoais. Lutou até o fim pela dignidade humana — e o fez, muitas vezes, sem qualquer reconhecimento formal.
Infelizmente, poucos livros escolares mencionam a história de Luís Gama. Pergunte a qualquer pessoa qual é o negro mais importante da história do Brasil e dificilmente ouvirá seu nome. Isso não é por acaso.
O apagamento de Gama reflete uma escolha ideológica: é mais cômodo para certas agendas acadêmicas e curriculares exaltar símbolos compatíveis com suas narrativas do que destacar personagens liberais, defensores radicais da liberdade individual e da responsabilidade pessoal.
Reconhecer Luís Gama é reconhecer que a luta pela liberdade no Brasil não pertenceu exclusivamente a movimentos coletivos ou de resistência armada. Houve, também, gigantes individuais que, sem apelar para a violência, mudaram a história pela força da lei, da palavra e da moral.
Luís Gama foi muito mais do que um advogado ou abolicionista. Foi um símbolo vivo do poder transformador da liberdade, da coragem individual e da luta por justiça verdadeira.
Redescobrir e valorizar sua história é um passo essencial para construir uma memória histórica mais justa, honesta e inspiradora.
Que o legado de Luís Gama receba finalmente a honra que merece.
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Mateus Vitoria Oliveira
CEO Private Construtora, Private Log e Private Oil & Gas
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